Estamos condenados ao sofrimento, diz Schopenhauer, estamos fadados à dor à toda prova, nossa história de vida é trágica. Saciamos os nossos desejos mais banais com a falsa impressão que estamos nos inclinando à felicidade, todavia a verdade é bem outra, as pseudo-felicidadezinhas quando saciadas pelos nossos instintos mais animais só provam que somos impotentes na vida, pois é quando nos damos conta que aquela felicidade é efêmera demais pra ser chamada de Felicidade. Somos seres indefesos, patéticos, fracos e infelizes.
A METAFÍSICA DO AMOR
É cruel que a natureza use o instinto de isca pra brincar com a vida dos animais, ademais, Schopenhauer esclarece que tudo o qual fazemos é em nome da natureza, seja ela consciente ou inconscientemente, não interessa. Ta lá na Metafísica do amor sexual schopenhauriano, a idéia desse amor sentimental, meloso que não passa de uma ilusão, melhor dizendo, não passa de um erro o qual os seres humanos acabam caindo, mas que é uma armadilha da natureza que almeja a perpetuação da espécie num mecanismo harmonioso da vida. Diz Schopenhauer: quer bem maior pra espécie do que a certeza que haverá de fato outra geração a vir, portanto, a perpetuação da espécie?
Eu que sempre achei que os poetas românticos sabiam da verdade do amor e que haveria um sentimento emocional, no sentido mais melo-romântico do termo, no amor entre homem e mulher. Vejo agora que estamos sempre sendo enganados pela natureza (ou melhor, por nós mesmos), que o fim metafísico do amor é obstinado, todo predestinado visando pura e simplesmente ter um herdeiro. Que ilusão! Logo eu que não penso em ter um filhote tão cedo. Agora me diz ,o que faço com a minha libido?! Que desastre é a vida!
Schopenhauer é o papa do pessimismo, com uma lucidez que chega a doer, aliás comprova a frase: a verdade dói, se é que podemos chamar isso de verdade. Há uma importância fundamental de Shopenhauer nas obras de outros filósofos que colocam o amor sexual em discurso, entre eles, o mais notório é Freud, mas vale dizer, que sempre que lembro da Metafísica do amor, vem à minha mente a História da sexualidade do Foucault, pode não ter muito haver mas pelo menos pra ambos o sexo aparece como armadilha, embora premissados, argumentados de formas bastante distintas.
Então, quando lemos Schopenhauer é muito fácil começar a chorar, mesmo que o leitor seja um daqueles metido a machões achando que não lacrimejam. São argumentos belos e maravilhosamente bem escritos que fazem a gente cortar os pulsos de tanta infelicidade lúcida. Ele parece que escreve com um bisturi e que vai rasgando nossas acomodadas crenças, "verdades inventadas" e "verdades" querendo-ser-acreditadas. Mostrando as feridas que causa a dor de existir, feridas as quais ficam escondidas nos recônditos da nossa alma e que quando exposta nos quebram em mil pedaços.
ENFIM : p
É difícil de aceitar que o amor entre homem e mulher tem fins unicamente procriativas. É quase endoidecedor pra mim, aceitar que o amor é apenas uma armadilha da natureza em que nós, seres humanos, somos presas tão fáceis. Eu jurava que os românticos estavam certos. Se tudo não passa de uma atração carnal o que seria, então, meu amor à primeira vista pela menina dos cabelos encaracolados? Seria apenas uma platonice banal? Eu que até hoje vejo a flexa cupídicas sangrando em meu peito...
Por mais que seja trágico toda essa teoria pra mim, tenho que reconhecer que o que Schopenhauer diz sobre o amor sexual faz muito sentido.
Shakespeare me enganou direitinho...
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ResponderExcluirLendo essa Bela postagem me veio a mente,quase que repentinamente, meus tempos de adolescencia. Ontem podia seguir Schopenhauer de mãos-dadas, hoje prefiro sseguir o poetinha Vinicius, que diz q pra amar tbm temos q sofrer, isso é um pouco schopenhauriano, lógico, mas prefiro esse sentimento do sofrer por uma busca da felicidade. Felicidade sempre será efêmera, pra se chegar a essa conclusão até podemos nunca ter lido o "anti-social" Schopenhauer, mas felizes são aqueles q se deleitam e deleitaram dela..
ResponderExcluirUm Salve a Shopenhauer e um abraço fortissimo em Vinicius De Morares.
Parabéns pela postagem, magnifica.